terça-feira, 3 de janeiro de 2017

    Piso em folhas secas. Folhas cruas, folhas duras, folhas mortas. Sinto saudades dos tempos em que era relva. Era cheiro de terra molhada e gosto de chuva ao entardecer.
    Hoje sou galhos secos, galhos ásperos. A aspereza da alma me soca, me esmurra, me estupra. O vil, o cruel está sempre na esquina. A espreita para me assaltar. Me roubando de mim, me roubando de tí. 
    Vivo num mar incerto e ardiloso. Jornal nenhum ou tv alguma é capaz de prever a maré por aqui. 
    Tenho medo do tempo, mas tenho ainda mais medo das coisas que ficam perdidas nele. Para onde vão? Será que elas vão encontrar um caminho de volta?
    Conheci e experimentei o mais amargo dos temperos. Provei do gosto podre e ácido da dor. Fui e voltei do estado mais baixo que eu acredito que alguém poderia se encontrar. Muitas vezes acreditei que meu peito iria se explodir de tanta dor. Mas voltei. E sigo voltando. Todos os dias. Hoje, aqui e agora posso dizer que encontro um pouquinho de beleza em meio ao meu caos. E apesar de tudo, voce continua sendo o meu melhor antídoto. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário